Todo ano nós aqui da Bluesoft procuramos fazer parte do TDC. Diversos times se organizam em horários e trilhas para que todo mundo tenha a oportunidade de conferir e participar desse momento de conhecimento e network. Esse ano eu tive a oportunidade de participar da Trilha de UX Design, que aconteceu na quarta (17/07). E para você que não pode participar, eu vou contar um pouco do que aconteceu por lá.

Bora lá?


A palavra do dia foi acessibilidade, onde diversas palestras mostraram a importância e a relevância disso quando estamos falando da experiência do usuário. Afinal, se o seu “coloque aqui seu produto” não é acessível, como as pessoas vão ter uma boa experiência nele?

Por que as pessoas cegas não compram nos e-commerce?

A primeira palestra do dia começou com um estudo de caso sobre o estado atual das plataformas de venda online (famoso e-commerce) pela Luciana Oliveira.Ela demonstrou em números expressivos, como as ferramentas atuais não estão preparadas para lidar com deficientes visuais, com falhas que vão desde a descrições de produtos que não são coerentes até um relógio que marca o tempo máximo que você tem pra finalizar sua compra, mas não avisa o deficiente visual de quanto tempo falta nem que existe!

O que? O relógio não avisa?

Antes que você seja enviesado (a gente já volta nesse assunto) dizendo que a Luciana não sabe do que está falando, vale dizer duas coisas:

1 — A pesquisa maravilhosa que ela fez foi com deficientes de todos os lugares, coletando dados de uma maneira bem coerente e levantando os pain points de maneira eficaz.

2 — A empatia da Luciana estava no 100% nesse caso, pois ela é deficiente visual também.

Dito isso, se você tem um e-commerce ou desenvolve em um, vale olhar a apresentação dela para pegar as dicas (vamos falar mais disso aqui).

Usando Dados para Analisar Adoção de Produto

A apresentação veio falar sobre um assunto que eu gosto de mais da conta: Métricas. O grande Huxley Dias veio nos trazer um case-que-não-e-case para mostrar a importância das métricas e como podemos executar isso no nosso produto. Não vou entrar em detalhes da apresentação (que na minha transcrição poderia deixar muito a desejar) mas vou compartilhar o insight que pra mim foi muito importante: Métricas são importantes para sua tomada de decisão, mas essas métricas tem que fazer sentido para o seu produto. Procure entender quais métricas fazem sentido para o seu negócio/produto e comece pequeno. Sim, pequeno. Não precisa ficar desenvolvendo uma ferramenta de analytics por 1 ano para isso, comece um MVP de maneira que você consiga ter uma métrica rápido e possa perceber o valor dela.

Além das palavras: Como aplicar linguagem não-verbal em testes de usabilidade

Seguimos com uma alteração de curso onde Adrielle Vieira veio nos falar sobre um aspecto negligenciado (na minha opinião, não tenho nenhum dado estatístico pra isso) que são as emoções do nosso usuário.

Através de estudos e de aplicações no dia-a-dia ela demonstrou que nem sempre o que o usuário fala está em acordo com o que ele está sentindo. Então mesmo o usuário falando que gostou da sua interface/app/produto/sei lá o que ele pode na verdade estar com vontade de ficar bem longe dela. Isso pode ser a diferença entre entregar uma boa experiência ou não.

Indo além do óbvio : A entrevista com autista que mudou meu jeito de conduzir projetos

Na volta do almoço fomos apresentados ao processo de entrevista de campo do Felipe Tozzatti Andrade onde ele foi visitar uma fazenda e conhecer mais do dia-a-dia dos seus usuários. Nessa empreitada ele se deparou com um usuário atípico que permitiu o exercício da empatia e da reflexão sobre como os usuários podem ser sentir desconfortáveis nesse processo.

TODXS App: Os desafios e aprendizados de aplicar UX design em um aplicativo para população LGBTI+

Rafaela de Souza da Silva e Thaly Sanches veio apresentar outro aspecto da acessibilidade, trazendo os desafios em criar um app para a população LGBTI+ através da startup TODXS. A apresentação demonstra com diversos dados o real problema de descriminação que hoje assola o Brasil e nos leva a entender a motivação e propósito de desenvolver um app para denuncias, levando em conta informações sensíveis e a delicadeza do momento em que o usuário se encontra.

Como viés influencia o que desenvolvemos

Alda Rocha vem nos apresentar o que é viés e como ele está impactando os produtos que vem sendo construídos. Ela demonstra uma série de pesquisas e casos reais onde a tecnologia, reproduzindo o comportamento humano, toma partido de uma conjunto de indivíduos (homens / brancos / heterossexuais e por ai vai) de modo que uma parte dos usuários sai prejudicado (pra não falar em excluído mesmo). Ela nos traz a reflexão para tomarmos cuidado para não criar um viés nas nossas escolhas e nos nossos produtos, aplicando validações e nos questionando sempre sobre resultados que podem ser tendenciosos.

Como você está preparando as suas interfaces para serem “ouvidas” pelos usuários?

Em consonância com nosso tema de acessibilidade, Marcelo Salesvem nos apresentar uma reflexão sobre como estamos construindo produtos sem considerar as pessoas que não podem ver nossa interface (Se você ainda dúvida, volta no estudo da Luciana que mostra isso com dados do e-commerce). Falando de aspectos como o WCAG para web e sobre como isso tem que ser considerado desde o início no projeto não um “Depois cuidamos disso” ele demonstra casos onde desconsiderar esse aspecto inviabiliza completamente o uso dos seus usuários não visuais a sua aplicação.

UX research real oficial — As coisas que ninguém fala sobre pesquisa

Muito se fala sobre pesquisa, mas pouco se fala sobre tudo que pode dar errado nesse processo (tempo/dinheiro/disponibilidade e por ai vai).

Rafaela de Souza da Silva veio falar exatamente sobre isso, sobre o lado não tão bonito da pesquisa, onde temos diversos problemas precisamos contornar isso dando um jeito de fazer acontecer. Ela fala sobre aspectos e práticas que podem ajudar no processo de pesquisa quando o cenário mais “perfeito” não está disponível na vida real, então podemos nos adaptar para conseguir coletar informações e validar hipóteses da melhor forma possível.

UX para crianças: projetar, melhorar e tornar as experiências digitais incríveis

Como adultos acreditamos que todas as crianças são iguais (até que você tenha filhos, ai isso muda com certeza), mas para desmentir isso a Anne Fortes vem nos mostrar uma perspectiva diferente. Ela enfoca que a idade que a criança se encontra requer cuidados e construções diferenciadas, já que o nosso usuário tem desde coordenações motoras mais ou menos limitadas até meios diferentes de ter sua atenção apreendida.

A importância da gestão de pessoas e a liderança de design

Vindo falar de liderança (inclusive pessoal) e o mercado de designer, Rodrigo Lemes nos conta sobre a visão que o mercado tem do designer e seus níveis. Ele nos apresenta como podemos adequar isso e fala sobre a importância de deixarmos claro para o mercado (e não o contrário) a importância e o caminho certo para percorrer. Falando também de algumas ferramentas que podem ser usadas tanto de maneira profissional como individual, onde o foco seja nas metas de curto/médio/longo prazo para definirmos um caminho para nosso carreira.

A importância do designer em sessões de refining de produto

Quando estamos falando da construção de produtos muitas vezes o designer é envolvido no projeto tarde demais para fazer telas. Rafael Xaviervem nos falar sobre uma perspectiva diferente, onde o começo de tudo é através do processo de descoberta do designer (não sozinho, claro) onde em uma abordagem de dual track o time de design tenta deixar o terreno mais preparado para o time de desenvolvimento conseguir desenvolver produtos de maior qualidade.

Como derrubar uma campanha publicitária com Design Research

A dupla Luciana Martins e Isabela Miranda veio nos apresentar a importância de uma pesquisa pode ter no processo de entrega de um produto. Mesmo quando já tem tudo definido (sem pesquisa). Elas demonstram um caso onde a equipe de marketing definiu uma entrega sem validação alguma, e num esforço de validar isso elas desenvolvem uma pesquisa, criam novas hipóteses e validam o melhor caminho para a entrega de um produto que as pessoas vão de fato usar.

Como projetar a experiência para interface invisível

Para encerrar nosso dia Patricia Prado veio nos contar um caso onde o design ajudou na construção de uma interface invisível, nesse caso conversacional.

Ela apresentou os aspectos das pesquisa e as preocupações que precisamos ter ao criar e desenvolver esse tipo de produto, tanto no quesito da preocupação com o usuário quando da maneira como esse fluxo pode acontecer.

Conclusão

O TDC desse ano trouxe diversidade, inclusive na suas trilhas. A temática acessibilidade me pareceu bem forte, nos trazendo visões e insights de que construir produtos acessíveis é extremamente importante, principalmente na era em que os produtos digitais são o meio de acesso para milhões de pessoas.

Também tivemos a oportunidade de falar sobre outros temas importantes, como métricas, carreira, a importância das pesquisas e como melhorar nossos processos de construção de produtos. O TDC sempre é um encontro válido, onde o networking e o aprendizado são estimulados e podem gerar ideias para se trabalhar até o ano que vem. Afinal, ano que vem precisamos estar prontos para mais não é?

Duvidas? gostou? Me acha um idiota?

Comenta ai!!
Angeliski

Este artigo foi publicado primeiro em: https://medium.com/@angeliski/

Autor

Ismael Soares é Gerente de Engenharia de Software na Bluesoft em São Paulo. É formado em banco de dados pela Faculdade Impacta de Tecnologia e possui mais de 14 anos com experiências em análise e desenvolvimento de sistemas. Já trabalhou com diversas tecnologias, entre elas: VB6, ASP, PHP, C#.NET, VB.NET, ASP.NET, PL/SQL, T-SQL, Groovy, Ruby e Java. Já participou de diversos projetos com banco de dados entre eles: Oracle, MSSQL Server, MySQL e Postgree.

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