Nesta apresentação Luiz China fez uma breve introdução sobre o que é qualidade. Confira a apresentação em vídeo, slides e o artigo, e não se esqueça de deixar um comentário.

Introdução a Qualidade

Como medir a Qualidade?
Quando falamos de  julgamento de qualidade de um produto, nos deparamos com uma tarefa um pouco complicada, devido tratar-se de um assunto muito relativo, pois o que pode ser qualidade para uma pessoa, pode ser falta de qualidade para outra.

Há mais de quatro mil anos atrás, os egípcios estabeleceram um padrão de medida de cumprimento, o cúbito. Este correspondia ao cumprimento do braço do faraó reinante. Eram cortados bastões na medida do braço do faraó e todas as obras, construções realizadas no Egito, deveriam se executadas observando essa unidade de medida. De tempos em tempos, essas construções eram fiscalizadas, com o intuito de saber se as medidas reais estavam sendo acatadas. Caso fosse detectado algum erro de medição em relação ao cúbito, o responsável por tal obra poderia pagar com a própria vida. (História do Egito).

Note que no relato acima, os egípcios seguiam padrões anteriormente estabelecidos, com intuito de se alcançar uma qualidade esperada. A qualidade de uma construção era julgada de acordo com as medidas reais. Para o faraó, a não observância da unidade de medida (Cúbito), significava falta de qualidade naquela construção especifica.

Nessa ilustração, podemos aprender um ponto muito importante que deve ser observado. Para julgar a qualidade de um objeto e/ou produto é preciso ter em mãos as especificações, para que o julgamento ocorra de forma justa e correta. Se julgarmos a qualidade de um produto, considerando apenas a marca, tamanho, cor, etc., com certeza faremos um julgamento errôneo. Para entendermos melhor o julgamento e/ou medição da qualidade, observemos o exemplo a seguir:

Tome com exemplo uma Ferrari, um carro desejado por muitos e de posse de poucos. Olhando para ela logo temos a sensação de estarmos de frente com um produto de boa qualidade.

A seguir temos as especificações desse veículo:

  • Motor: V12 – 660cv a 7800 RPM.
  • Desempenho:  De 0 a 96 km/h em 3,7 segundos 350 km/h.
  • Consumo: 12 km/Litro.
  • Principais itens de série:
  • Diferencial com controle eletrônico
  • Seletor de características dinâmicas
  • Controle de largada
  • Ar-condicionado
  • Airbags
  • Bancos de couro
  • Sistema de som
  • Etc

Observe agora outro exemplo de veiculo, o Fusca. Veja a seguir suas especificações:

  • Motor: 1.600cc – 65cv.
  • Desempenho:  De 0 a 40 km/h em 15,6 segundos 120 km/h.
  • Consumo: 6,8 km/Litro.
  • Principais itens de série:
  • Encosto de cabeça
  • Cinto de três pontos
  • Quebra sol do passageiro com espelho

Se fossemos julgar a qualidade desses dois veículos, com certeza a Ferrari ganharia, por ser um veiculo de porte superior ao Fusca, porém é possível que o Fusca tenha mais qualidade que a Ferrari.

A qualidade pode ser medida pelas especificações do produto. Sendo assim, imagine que ao pilotar o Fusca você consegue atingir uma velocidade máxima de 120 Km/h. Percebe então que o consumo de combustível foi de 6,8 à 7,0 Km/litro e que realmente foi possível atingir uma velocidade de 0 à 40 Km/h em 15,6 segundos.

Pergunta: De acordo com os números que foram constatados na prática, o Fusca atendeu a especificações do fabricante?

Como podemos observar a resposta é sim, Dessa forma, podemos afirmar que o Fusca é um veículo que possui qualidade, devido ter atendido as suas especificações.
Agora imagine que ao pilotar a Ferrari, só foi possível atingir uma velocidade máxima de 320 Km/h e que o consumo de combustível foi de 8 Km/l.

Pergunta: De acordo com os números que foram constatados na pratica, a Ferrari atendeu as especificações do fabricante?

Não. Podemos então afirmar que a Ferrari não possui qualidade, devido não ter atendido as suas especificações.

Conclusão

Da mesma forma que foi julgada a qualidade dos veículos citados no exemplo acima, devemos medir a qualidade de um software, levando em conta as suas especificações.
Quando se contrata uma empresa para desenvolver um sistema para gerenciar um determinado negócio, a empresa contratada procura em primeiro lugar entender o que o cliente realmente precisa, para que se possa desenvolver um sistema que atenda suas necessidades.

Depois de desenvolvido, para medir a qualidade do sistema, deve-se averiguar se tudo está funcionando de acordo com as especificações passadas à empresa contratada. Com base nisso, pode-se dizer se um sistema possui ou não uma boa qualidade.

Referências Bibliográficas
Qualidade de Software de André Koscianski & Michel dos Santos Soares – Editora Novatec

Autor

André Faria Gomes é executivo, empreendedor, investidor, mentor, gerente, escritor, palestrante, podcaster e agilista. Atualmente, é CEO da Bluesoft em São Paulo, investidor e membro do conselho da Wow e mentor da Liga Ventures.

11 Comentários

  1. Pingback: O melhor da semana 18/07 a 24/07 « QualidadeBR

  2. Flávia Siqueira Resposta

    Parabéns China,
    Seu artigo ficou ótimo e a apresentação também.
    Flá – Designer =)

  3. Ótimo artigo, parabéns!
    Mas eu fico pensando, e quanto a requisito de “qualidade de software” por parte cliente ?
    Não do fabricante como você explicou.
    Alguns artigos que li, sempre levam a visão do cliente sobre “qualidade de software”, para a satisfação em usar o seu software. O que você acha sobre isso ?
    Seguindo o seu exemplo, mesmo que a Ferrari chegue a 320km consumindo 8 km, será que o cliente iria se importar com essa visão de “qualidade” ?
    Abraços

    • Olá Bruno, em primeiro lugar gostaria de agradecer por ter deixado seu comentário.
      Em relação aos requisitos de “qualidade de software” por parte do cliente, realmente no exemplo dos veículos, tentei passar uma visão de como avaliar a qualidade dentro do especificado, porém, note que na conclusão do meu artigo citei um exemplo acerca de um software desenvolvido sob medida para um determinado cliente. A empresa contratada, antes de iniciar o desenvolvimento, procurou levantar com o cliente as suas reais necessidades (Análise de requisitos). Com base no levantamento dessas informações, a empresa contratada desenvolveu o software, atendendo inicialmente o que havia sido solicitado. Com isso, pode-se dizer que, uma vez que o cliente ficou satisfeito com o produto, o software passou no julgamento da qualidade. É claro que muitos outros pontos devem ser levados em conta. Pretendo nas próximas apresentações falar sobre a influência dos requisitos na qualidade do software. Esta apresentação foi apenas uma rápida introdução acerca da qualidade.
      Em relação ao exemplo da Ferrari, devemos levar em conta que a qualidade é relativa, conforme comentado. O que pode ser qualidade para uma pessoa, pode não ser para outra.
      Uma vez que se adiquire um produto com base nas suas espeficações e não foi possível usufruir das mesmas, com certeza haverá algum descontentamento, independente do produto. Não pode-se julgar a qualidade pela marca, status, cor, tamanho, etc… O que conta no final é a satisfação do cliente dentro daquilo que estava proposto.

Deixe aqui o seu comentário