Na última entrevista da série realizada durante o Ágiles 2009, Alexandre Gomes da SEA Tecnologia sediada em Brasília conta um pouco de sua experiência de trabalho com projetos voltados para o setor público. Veja também os slides das palestras “Manifesto 2.0” e “Agilidade e Licitações” que ele e o Renato Willi apresentaram no evento.
Assista o vídeo no vimeo:
http://www.vimeo.com/7296505
Apesar de acreditar na utilização de métodos ágeis e se preocupar com a entrega contínua de software de qualidade, Alexandre cita que este não é um diferencial em relação à seus concorrentes já que a forma de contratação de projetos de desenvolvimento de software para o governo é realizada através de processo licitatório, idêntica à compra de serviços comuns onde prevalece o menor preço.
Também é valorizada a quantidade de certificações que uma empresa e seus colaboradores possuem ao invés do valor que realmente podem oferecer.
Como sabemos que algumas empresas entram nesta jogada sem condições de entregar seus projetos é o seu dinheiro que acaba sendo jogado fora!

Autor

No tempo em que esteve no time da Bluesoft, Luiz Faias Junior ajudou a criar e a manter a cultura e os valores da empresa, aumentando a equipe de 3 para 40 talentosos engenheiros de software.

4 Comentários

  1. Danilo, Willi e Alexandre:
    Parabéns pelo alto nível da discussão e por não terem tomado as “provações” como ofensas.
    Este é um tema interessante pra se debater, mas por enquanto minha opinião é de que faz diferença sim comprar um bem comum ou um software, que é evolui após ser construído.
    Abraço

  2. Danilo,
    na minha opinião, você não consegue comprar SW como se compra uma BIC porque SW é um bem intangível.
    Concordo que, para o cliente final, as coisas deveriam ser tão simples quanto comprar uma BIC, mas não são (IMHO).
    Ao invés de BIC, falemos de violão. Quando você vai comprar um violão, você tem duas opções: ou você compra uma marca conhecida (e.g. Takamine) numa loja, ou você encomenda um do seu jeito no melhor luthier de sua cidade. Quando você opta pelo Takamine, você o está adquirindo como um PRODUTO, as it is. Quando você escolhe o luthier, você estará pagando pela hora trabalhada do caboclo, gerando seu violão a parir da contratação de um SERVIÇO especializado.
    Alguns luthiers até possuem estoques de violão mas, quem procura este tipo de profissional, geralmente o faz justamente porque não quer mais-um-violão-produzido-em-série, mas um instrumento que tenha a sua identidade ali impressa.
    A contratação de SW, é muito mais próxima ao serviço do luthier do que à compra do Takamine. Quem contrata SW, assim o faz pelo desejo/necessidade de algo intimamente ligado às suas necessidades.
    Mas, aí você pode me perguntar: e se o cliente não estiver preocupado com a exclusividade do SW e não se importar em utilizar um produto genérico, de prateleira, enfim, um Takamine do SW? E eis que, em verdade, em verdade, te digo. Esse cara, mesmo assim, não estará adquirindo um SW, mas apenas uma licença de uso, ou seja, o direito de usar aquele SW. Ainda que eu optasse pelo uso do ERP que a Bluesoft comercializa, eu não possuiria plenos direitos sobre aquele bem. Ou seja, não é meu. Eu não comprei o produto. Apenas o aluguei. Para de fato comprar o SW da Blusoft, eu teria que desembolsar algumas boas milhares de verdinhas, assim como a Oracle fez com a Sun, que é usualmente inviável para o comprador de SW comum.
    Então, quanto se tenta tangibilizar o SW (que é intangível), na verdade, o que se faz, é a criação de uma abstração tangível (a licença) passível de ser mensurada, especificada e comercializada. Aí sim faz sentido a comparação com a BIC. Mas, repare, que o comprador, nesses casos, não possui qualquer direito sobre o produto. Ele aluga o Takamine, não o compra.
    Daí, voltemos ao assunto. Quando o governo deseja adquirir um SW, ele deseja ter um SW para si. Não alugar um. Ele quer a aderência fina daquele SW às suas necessidades. Portanto, geralmente, não lhe servem os Takamines alugados (apesar de estarmos investindo num modelo de SaaS.Gov.Br), mas as produções artesanais dos luthiers de código sobres as quais ele poderá fazer o que bem entender (jogar fora, modificar, vender, emprestar…).
    Essa é minha opinião do porquê ser tão difícil de o governo comprar SW como produto, e não como serviço. Quem tem o produto, não o vende num preço permitido pelo orçamento público e, por isso, aluga, o que nem sempre é bem quisto. Quem não tem o produto, dispõe-se a fazê-lo, mas sem ter como tangibilizá-lo antes de sua finalização.
    É uma parada complexa.
    * A propósito, a palavra inexequível existe mesmo [1] e faz parte do vocabulário legal que essa galera toda usa (todo dia, infelizmente).
    [1] http://pt.wiktionary.org/wiki/inexequ%C3%ADvel
    []s
    Alê!

  3. Fala Danilo, faz muito sentido o que você colocou. Quando o cenário é de software como serviço, os clientes já devem saber o que esperam, o serviço é relativamente conhecido a ponto de poder ser padronizado (teoricamente). Num cenário desses, realmente faria sentido adquirir o serviço da mesma forma que se adquire uma caneta BIC (previsível, bem especificada, etc).
    Só que o governo não pode adquirir Software como serviço por conta de uma instrução normativa. Na verdade até poderia, mas ou o código seria dele, ou seria livre, e para as empresas com esse modelo de negócio, o código é estratégico, e após a primeira venda para o governo, nunca mais venderiam aquilo.
    Pior, o governo poderia tornar aquilo software público, e voc6e correria o risco de nunca mais vender pra ninguém.
    Então, voltando ao ponto inicial: por que vender software seria diferente de vender uma BIC? Porque a BIC é padrão, e o serviço de desenvolvimento de software é para gerar um produto único. Seria como vender uma caneta sob medida, sendo que você mal conhece as customizações do seu cliente.
    Não sei se respondi. Qq coisa escreve de novo.
    []s
    Willi

  4. Gostaria de fazer uma provocação a todos nós:
    Pq temos que achar que “vender” um software seria diferente do que vender uma BIC? Para quem compra faz diferença? Será que nossos métodos de mensuração de software como “produto” estão adequados? Será que estamos vendendo software como serviço em lugares que eles deveriam ser interpretados como produto?
    Deixo com vcs alguns comentários.
    Sobre o vídeo: “inezequíveis” e “merda” em menos de 15 segundos foi realmente muito bom!!Hahahaa!!
    Abcos a todos e keep on coding!!
    Danilo Castro

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