Introdução

No início da informatização, os usuários de programas para computadores eram os próprios desenvolvedores, que não tinham dificuldades em operar sistemas que na verdade eram desenvolvidos sob medida para si.

Mais tarde, esses programas começaram a ser utilizados por um pequeno público externo, que recebiam treinamento intenso para conseguir operar os sistemas, que por sua vez possuíam interfaces muito complexas, que dificultava a interação homem-máquina.

Anos depois, as empresas começaram a visar um mercado consumidor e os sistemas que inicialmente eram desenvolvidos para realização de tarefas internas, começaram a ser utilizados por uma massa de usuários externos, porém, devido aos problemas de suas interfaces pouco intuitivas, tiveram dificuldades com a expansão do produto, foi então que começou a se falar de usabilidade.

Ergonomia é a disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema. É também uma profissão que aplica: Teorias, Princípios, Dados, Métodos, a fim de otimizar o bem-estar humano e o desempenho geral de um sistema.

Usabilidade é a qualidade que caracteriza o uso de um sistema interativo. É a capacidade com a qual o sistema consegue proporcionar ao usuário a realização das tarefas  de maneira eficaz, eficiente e agradável

Um sistema ergonômico deve aplicar a usabilidade para gerar confiança e satisfação, com as facilidades da utilização do sistema.

Ao desenvolver um sistema de boa usabilidade, pode-se obter diversos benefícios:

  • Aumento de produtividade,
  • Aumento no número de vendas;
  • Diminuição do tempo de treinamento e estrutura de suporte;
  • Melhor imagem no mercado;

No desenvolvimento de interfaces ergonômicas, é fundamental que os desenvolvedores de sistemas conheçam muito bem o usuário e o seu trabalho, pois somente assim será possível desenvolver um sistema que atenda as reais necessidades. Para tal, Jakob Nielsen, um dos maiores especialistas no assunto sugere que  é necessário observar os seguintes princípios ergonômicos que seguem:

  1. Visibilidade do estado do sistema: É preciso certificar que a interface sempre informe ao usuário o que está acontecendo, ou seja, todas as ações precisam de feedback instantâneo para orientá-lo.
  2. Mapeamento entre o sistema e o mundo real: Não utilizar jargões de TI, que não fazem sentido para o usuário. Toda a comunicação do sistema precisa ser contextualizada ao usuário, e ser coerente.
  3. Liberdade de controle: Permita que o usuário faça ou desfaça ações no sistema e que possa retornar ao ponto anterior, quando estiver perdido ou em situações inesperadas.
  4. Consistência e padrões: Fale a mesma língua o tempo todo, e nunca identifique uma mesma ação com ícones ou palavras diferentes. Trate coisas similares, da mesma maneira, facilitando sua identificação.
  5. Prevenção de erros: Evitar situações de erro. Conhecer as situações que mais provocam erros e modificar a interface para que estes erros não ocorram.
  6. Reconhecer em vez de relembrar: Evite acionar a memória do usuário o tempo todo, fazendo com que cada ação precise ser revista mentalmente antes de ser executada. Permita que a interface ofereça ajuda contextual, e informações capazes de orientar as ações do usuário.
  7. Flexibilidade e eficiência de uso: O sistema precisa ser fácil para usuários leigos, mas ao mesmo tempo flexível o bastante para se tornar ágil à usuários avançados. Essa flexibilidade pode ser alcançada através de teclas de atalhos, por exemplo.
  8. Design estético e minimalista: Evite que os textos e o design falem mais do que o usuário necessita saber. Os “diálogos” do sistema precisam ser simples, diretos, naturais, e presentes nos momentos em que são necessários.
  9. Suporte reconhecer, diagnosticar e recuperar erros: As mensagens de erro do sistema devem possuir uma redação simples e clara que ao invés de intimidar o usuário, indique uma saída construtiva ou uma possível solução.
  10. Ajuda e documentação: Um bom design deveria evitar ao máximo à necessidade de ajuda na utilização do sistema. Ainda assim, um bom conjunto de documentação e ajuda deve ser utilizada para orientar o usuário em caso de dúvida. Deve ser visível, e de fácil acesso.

Critérios Ergonômicos
O livro Ergonomia e Usabilidade, uma das principais referências para o desenvolvimento deste trabalho, sugere alguns critérios, que em complemento aos princípios também devem ser observados. Descreveremos a seguir os principais pontos a serem considerados.

Condução

A condução visa favorecer principalmente o aprendizado e a utilização do sistema por usuários novatos, e neste contexto a interface deve aconselhar, orientar, informar e conduzir o usuário na interação com o sistema. A condução pode ser analisada a partir de 4 sub-critérios que serão analisados a seguir:

Convite

Esta qualidade engloba os meios utilizados para levar o usuário a realizar determinadas ações. Também trata das informações que permitem ao usuário identificar o estado ou o contexto no qual ele se encontra na interação, além das ações alternativas, ferramentas de ajuda e o modo de acesso.

Uma interface convidativa oferece:

  1. Títulos claros para as telas, janelas e caixas de diálogos;
  2. Informações sobre o preenchimento de um formulário, sobre as entradas esperadas, etc.;
  3. Opções de ajuda claramente indicadas;

Agrupamento e distinção de itens

Visa proporcionar a rápida compreensão de uma tela pelo usuário.

Legibilidade

É uma qualidade a serviço de todos, mas particularmente das pessoas idosas e com problemas de visão.
Uma interface que oferece legibilidade deve possuir:

  • Contraste negativo;
  • Letras claras sobre um fundo escuro;
  • Tamanho da fonte maior;
  • Espaçamento entre palavras;
  • Espaçamento entre linhas;
  • Espaçamento entre parágrafos;

Feedback imediato

Está a serviço de todos, porém os usuários mais novatos são os que precisarão mais dessa qualidade, possibilita ao usuário ter melhor entendimento sobre o funcionamento do sistema e é importante para estabelecer satisfação e confiança.

Adaptabilidade

É uma qualidade particularmente esperada em sistema que o público alvo é vasto e variado. A interface deve propor maneiras variadas de realizar uma mesma tarefa, deixando ao usuário o direito de escolha, como por exemplo, diferentes maneiras de realizar a entrada de dados seja por digitação ou seleção, diferentes caminhos para chegar a uma funcionalidade freqüentemente utilizada através de ícones na barra de ferramenta, opção em um painel de menu, ou teclas de atalho.

Gestão de Erros

A gestão de erros diz respeito a todos os mecanismos que permitem evitar ou reduzir a ocorrências de erros e que favoreçam sua correção. Uma interface que protege uma interação contra erros têm as seguintes características:

  • Informa o usuário sobre o risco de perda de dados não gravados;
  • Não oferece um comando destrutivo como opção padrão;
  • Detecta os erros  no momento da inserção dos dados, ao invés de deixar para o final.

Conclusão

Observar os critérios da ergonomia para desenvolver sistemas que ofereçam usabilidade, não é uma questão de escolha e sim uma necessidade dos tempos atuais. A cada dia os usuários de sistemas estão mais exigentes, no que diz respeito à facilidade e simplicidade na interação com o sistema.

Durante o processo de escolha de um sistema para gerenciar seu negócio, as empresas já não estão apenas preocupadas se o sistema possui ferramentas que atendam suas as necessidades diárias, que gere informações consistentes que ajudarão na tomada de decisão, mas buscam também um sistema que ofereça a seus usuários, durante a interação, a realização de tarefas de forma eficiente, eficaz e satisfatória. Para tal, é preciso observar os princípios e critérios ergonômicos aqui abordados, e além disso, conhecer melhor seus usuários, saber quem são, suas limitações, e necessidades diárias de trabalho.

Referências

  1. Ergonomia e Usabilidade – Conhecimento, Métodos e aplicações por Walter Cybis
  2. As 10 heurísticas de Nielsen
  3. Podcast Usabiliade X Avanço tecnologico
  4. PodcastOne – Usabilidade
  5. Mobile User Experience: What Web Designers Need to Know

Por Luiz China, Revisado por André Faria

Autor

André Faria Gomes é executivo, empreendedor, investidor, mentor, gerente, escritor, palestrante, podcaster e agilista. Atualmente, é CEO da Bluesoft em São Paulo, investidor e membro do conselho da Wow e mentor da Liga Ventures.

10 Comentários

  1. Pingback: Ergonomia e Usabilidade – Marcel Savegnago´s Blog

  2. Como já falei antes, o artigo ficou perfeito. Acho legal ver o interesse de outras pessoas com um assunto tão interessante.
    Parabéns!!!
    Grande abraço china.. 🙂

  3. Flávia Hilsdorf Resposta

    Parabéns China, depois de uma apresentação o mais difícil é fazer um bom artigo, e você acertou nos dois, parabéns em dose dupla então =)

  4. Muito bem China. Parabéns pelo artigo e apresentação. Você surpreendeu a todos todos, estaremos esperando pela sua próxima apresentação sobre qualidade de software. Espero ser surpreendido mais uma vez!

    • Valeu André pelo comentário. Obrigado por tudo, pelas dicas antes da apresentação, que tenho certeza que tem ajudado a muitos, pela ajuda na publicação desse artigo, etc… Grande abraço.

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